De mim

Eu ainda vou visitar o México,
respirar o ar de Frida Kahlo,
me embebedar de suas cores.

Um dia eu saio por aí em andada peregrina
só pra ver se me encontro
numa dessas esquinas do meu país,
só pra saber se me vejo em rostos que nunca vi.

Ah, eu ainda vou tomar café
e gostar de sabores que desconheço.

Eu ainda vou conhecer o amor,
aquele amor que acontece
e a gente sabe que enfim aconteceu.

Um dia desses tomo vergonha e emagreço;
Ainda faço as pazes com minha tia
e de presente dou a ela a verdade
que ninguém diz.

Eu sei que ainda volto pra minha terra
pra buscar o que de mim deixei por lá,
pra despejar no mar o tanto que sofri do lado de cá.

Eu ainda vou esquecer de sentir saudade
de quem jamais mereceu minha devoção.

Um dia eu ajudo loucos a abraçarem sua loucura
e sãos a quebrarem seus espelhos.

Eu ainda vou morar naquela casinha no campo
onde eu cresça com a paz que ela cantou.
É onde vou rever meus amigos,
ouvir os discos e ler aqueles livros
que fazem de mim quem eu sou.

Tenho certeza: ainda vou ser mãe
de mais gatos e de filhos meus
que vão miar e sorrir
e pro meu colo é que eles vão correr,
ronronando ou não.

Eu sei que ainda volto a escrever,
a sonhar e poetizar.

Mas este é o dia mais distante:
antes dele ainda há muito a realizar,
tanto de mim que preciso resgatar...

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