Festival O Boticário na Dança

O Boticário lança a primeira edição do Festival O Boticário na Dança, produzido em parceria com a Dueto, que acontece no Auditório Ibirapuera durante a primeira semana de maio. O evento abrange o amplo panorama de arte no mundo e integra as diversas linguagens da dança: contemporânea, neoclássica, moderna, de rua, de salão, de teatro, entre outras. Selecionei aqui dois espetáculos gratuitos que prometem surpreender o público:



Shen Wei Dance Arts − Sagração da Primavera
quarta 1 de maio às 15h30
ensaio aberto | gratuito
[ingressos distribuídos uma hora e meia antes da apresentação]

A Shen Wei Dance Arts foi idealizada e é liderada pelo artista multimídia chinês Shen Wei, responsável pela coreografia da abertura da Olimpíada de Pequim em 2008. Com sede em Nova York, a companhia revela em cada trabalho um vocabulário de movimentos originais, combinados com elementos de filmes, teatro, novas mídias e artes visuais. Baseado na composição de Stravinsky, o espetáculo "Sagração da Primavera" traduz em seus passos e acordes o estilo ousado da companhia.


Maribor Ballet – Radio & Juliet 
domingo 5 de maio às 17h 
platéia externa do Auditório | gratuito

Utilizando-se do estilo neoclássico e contemporâneo, o Ballet do Teatro Nacional Esloveno Maribor, da Eslovênia, possui um repertório de performances únicas que encantam platéias. À frente da companhia desde 2003 está o coreógrafo romeno Edward Clug, reconhecido por diversos prêmios e responsável por colocar o Ballet Maribor no mapa internacional da dança. "Radio & Juliet" é uma releitura do clássico Romeu e Julieta, ao som da banda inglesa Radiohead. No palco, uma Julieta elegante, feminina, suave e forte navega em um mundo de homens desde o momento que desperta. Os Romeus se revezam, só um vai ganhá-la, e o encontro entre os amantes é lindo e raro em movimentos que chegam a hipnotizar.

Observação de si mesmo

"A Obsessão", 1928, René Magritte

O homem está muito bem defendido de si mesmo,
da espionagem e do assédio que faz a si mesmo,
e geralmente não enxerga mais que o seu antemuro. 
A fortaleza mesma lhe é inacessível e até invisível, 
a não ser que amigos e inimigos façam de traidores 
e o conduzam para dentro por uma via secreta.
(Do demasiado humano Nietzsche)

Você brisa, eu vendaval


[eu lugar comum, você especial]

Beleza sincera

[friducha, linda, profundamente!]

A enorme realidade

"Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o meu futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicidas,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é minha matéria, o tempo presente,
os homens presentes, a vida presente."

Carlos Drummond de Andrade
[tempo, tempo, tempo, tempo]
Sentimento do mundo...

A coisa necessária

"O Princípio do Prazer (Retrato de Edward James)", 1937,  René Magritte

Uma coisa é necessário ter: 
ou um espírito leve por natureza 
ou um espírito aliviado 
pela arte e pelo saber.
(Do demasiado humano Nietzsche)

Nobreza de caráter

"O modelo vermelho", 1935, René Magritte

A nobreza de caráter consiste, em boa parte,
na bondade e ausência de desconfiança, 
ou seja, exatamente aquilo sobre o qual
as pessoas gananciosas e bem-sucedidas
gostam de falar com superioridade e ironia.
(Do demasiado humano Nietzsche)

Estórias da Casa Velha da Ponte

ASSIM EU VEJO A VIDA

A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.

Cora Coralina


A boa notícia é que agora dá pra visitar a casa onde viveu a poetisa sem ter que ir até Goiás. O ambiente onde ficaram imortalizadas a poesia e a memória de Cora Coralina está disponível à visitação através do site Era Virtual.
[vamos ao museu?]

"...Gente que passa indiferente, 
olha de longe, 
na dobra das esquinas, 
as traves despencam. 
- Que vale para eles o sobrado?..."

Ter caráter

"O terapeuta", 1941, René Magritte

Um homem parece ter caráter 
muito mais freqüentemente 
por seguir sempre o seu temperamento 
do que por seguir sempre os seus princípios.
(Do demasiado humano Nietzsche)

O Banquete

Com efeito, parece-me os homens absolutamente não terem percebido o poder do Amor, que se o percebessem, os maiores templos e altares lhe preparariam, e os maiores sacrifícios lhe fariam, não como agora que nada disso há em sua honra, quando mais que tudo deve haver. É ele com efeito o deus mais amigo do homem, protetor e médico desses males, de cuja cura dependeria sem dúvida a maior felicidade para o gênero humano.

Tentarei eu portanto iniciar-vos em seu poder, e vós o ensinareis aos outros. Mas é preciso primeiro aprenderdes a natureza humana e as suas vicissitudes. Com efeito, nossa natureza outrora não era a mesma que a de agora, mas diferente.

Em primeiro lugar, três eram os gêneros da humanidade, não dois como agora, o masculino e o feminino, mas também havia a mais um terceiro, comum a estes dois, do qual resta agora um nome, desaparecida a coisa; andrógino era então um gênero distinto, tanto na forma como no nome comum aos dois, ao masculino e ao feminino, enquanto agora nada mais é que um nome posto em desonra. (...) Eis por que eram três os gêneros, e tal a sua constituição, porque o masculino de início era descendente do sol, o feminino da terra, e o que tinha de ambos era da lua, pois também a lua tem de ambos; e eram assim circulares, tanto eles próprios como a sua locomoção, por terem semelhantes genitores.

Eram por conseguinte de uma força e de um vigor terríveis, e uma grande presunção eles tinham; mas voltaram-se contra os deuses, e o que diz Homero de Efialtes e de Otes é a eles que se refere, a tentativa de fazer uma escalada ao céu, para investir contra os deuses.

Zeus então e os demais deuses puseram-se a deliberar sobre o que se devia fazer com eles, e embaraçavam-se; não podiam nem matá-los e, após fulminá-los como aos gigantes, fazer desaparecer-lhes a raça - pois as honras e os templos que lhes vinham dos homens desapareceriam - nem permitir-lhes que continuassem na impiedade.

Depois de laboriosa reflexão, diz Zeus: Acho que tenho um meio de fazer com que os homens possam existir, mas parem com a intemperança, tornados mais fracos. Agora com efeito, continuou, eu os cortarei a cada um em dois, e ao mesmo tempo eles serão mais fracos e também mais úteis para nós, pelo fato de se terem tomado mais numerosos; e andarão eretos, sobre duas pernas. Se ainda pensarem em arrogância e não quiserem acomodar-se, de novo, disse ele, eu os cortarei em dois, e assim sobre uma só perna eles andarão, saltitando.

Logo que o disse pôs-se a cortar os homens em dois, como os que cortam as sorvas para a conserva, ou como os que cortam ovos com cabelo; a cada um que cortava mandava Apolo voltar-lhe o rosto e a banda do pescoço para o lado do corte, a fim de que, contemplando a própria mutilação, fosse mais moderado o homem, e quanto ao mais ele também mandava curar. (...) Por conseguinte, desde que a nossa natureza se mutilou em duas, ansiava cada um por sua própria metade e a ela se unia, e envolvendo-se com as mãos e enlaçando-se um ao outro, no ardor de se confundirem, morriam de fome e de inércia em geral, por nada quererem fazer longe um do outro. (...) E então de há tanto tempo que o amor de um pelo outro está implantado nos homens, restaurador da nossa antiga natureza, em sua tentativa de fazer um só de dois e de curar a natureza humana.

Cada um de nós portanto é uma téssera complementar de um homem, porque cortado como os linguados, de um só em dois; e procura então cada um o seu próprio complemento. (...) Quando então se encontra com aquele mesmo que é a sua própria metade, tanto o amante do jovem como qualquer outro, então extraordinárias são as emoções que sentem, de amizade, intimidade e amor, a ponto de não quererem por assim dizer separar-se um do outro nem por um pequeno momento. E os que continuam um com o outro pela vida afora são estes, os quais nem saberiam dizer o que querem que lhes venha da parte de um ao outro.

A ninguém com efeito pareceria que se trata de união sexual, e que é porventura em vista disso que um gosta da companhia do outro assim com tanto interesse; ao contrário, que uma coisa quer a alma de cada um, é evidente, a qual coisa ela não pode dizer, mas adivinha o que quer e o indica por enigmas.

Se diante deles, deitados no mesmo leito, surgisse Hefesto e com seus instrumentos lhes perguntasse: Que é que quereis, ó homens, ter um do outro?, e se, diante do seu embaraço, de novo lhes perguntasse: Porventura é isso que desejais, ficardes no mesmo lugar o mais possível um para o outro, de modo que nem de noite nem de dia vos separeis um do outro? Pois se é isso que desejais, quero fundir-vos e forjar-vos numa mesma pessoa, de modo que de dois vos tomeis um só e, enquanto viverdes, como uma só pessoa, possais viver ambos em comum, e depois que morrerdes, lá no Hades, em vez de dois ser um só, mortos os dois numa morte comum; mas vede se é isso o vosso amor, e se vos contentais se conseguirdes isso.

Depois de ouvir essas palavras, sabemos que nem um só diria que não, ou demonstraria querer outra coisa, mas simplesmente pensaria ter ouvido o que há muito estava desejando, sim, unir-se e confundir-se com o amado e de dois ficarem um só. O motivo disso é que nossa antiga natureza era assim e nós éramos um todo; é portanto ao desejo e procura do todo que se dá o nome de amor."
[amemos!]

Indo profundamente demais

"Duplo segredo", 1927, René Magritte

Pessoas que compreendem algo 
em toda a sua profundeza 
raramente lhe permanecem fiéis para sempre. 
Elas justamente levaram luz à profundeza: 
então há muita coisa ruim para ver.
(Do demasiado humano Nietzsche)

Vergonha



"A falta de justiça, Srs. Senadores, é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo nosso descrédito, é a miséria suprema desta pobre nação. A sua grande vergonha diante do estrangeiro, é aquilo que nos afasta os homens, os auxílios, os capitais.

A injustiça, senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade, promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas.

De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto."

(Trecho de discurso realizado no Senado, em dezembro de 1914, por Rui Barbosa.)

Océlotl Cuauhxicalli

Dentre os rituais mais importantes praticados na América Central estava o sacrifício humano. A crença na constante renovação da força vital dos deuses, a partir do sangue e corações dos prisioneiros de guerra, fez este ritual se expandir.

Esta magnífica peça, feita de andesito, foi encontrada em 1901, sob o pátio do prédio Marqués del Apartado, no centro histórico da Cidade do México, junto com um cuauhxicalli (recipiente para oferendas) em forma de águia.

O cuauhxicalli tinha várias formas, mas todas serviam para receber o coração e sangue de prisioneiros sacrificados, bem como outras oferendas aos deuses. A parte traseira do animal é uma taça decorada com duas imagens do deus Huitzilopochtli e outro do deus Tezcatlipoca.

Rapaz dramático

sonhei que escrevia um conto 
acordei pior do que o normal, 
não pelo sonho, 
mas pelo ponto final 

Kleber Bordinhão

Boa idéia!

Alguns centímetros de tecido e pronto! Nada de cosmético virado na gaveta.


Longitudes

queria ser vento
queria ser água, sol 
e flor

tudo que fosse 
o que não sou

[reconheço um artista quando me reconheço nele. lindo blog!]

Da gente que eu gosto

Eu gosto de gente que vibra, que não tem de ser empurrada, que não tem de dizer que faça as coisas, mas que sabe o que tem que fazer e que faz. A gente que cultiva seus sonhos até que esses sonhos se apoderam de sua própria realidade.

Eu gosto de gente com capacidade para assumir as conseqüências de suas ações, de gente que arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, que se permite, abandona os conselhos sensatos deixando as soluções nas mãos de Deus.

Eu gosto de gente que é justa com sua gente e consigo mesma, da gente que agradece o novo dia, as coisas boas que existem em sua vida, que vive cada hora com bom animo dando o melhor de si, agradecido de estar vivo, de poder distribuir sorrisos, de oferecer suas mãos e ajudar generosamente sem esperar nada em troca.

Eu gosto da gente capaz de me criticar construtivamente e de frente, mas sem me lastimar ou me ferir. Da gente que tem tato. Gosto da gente que possui sentido de justiça. A estes chamo de meus amigos.

Eu gosto da gente que sabe a importância da alegria e a pratica. Da gente que por meio de piadas nos ensina a conceber a vida com humor. Da gente que nunca deixa de ser animada.

Eu gosto de gente sincera e franca, capaz de se opor com argumentos razoáveis a qualquer decisão. Gosto de gente fiel e persistente, que não descansa quando se trata de alcançar objetivos e idéias.

Eu gosto da gente de critério, a que não se envergonha em reconhecer que se equivocou ou que não sabe algo. De gente que, ao aceitar seus erros, se esforça genuinamente por não voltar a cometê-los. De gente que luta contra adversidades. Gosto de gente que busca soluções.

Eu gosto da gente que pensa e medita internamente. De gente que valoriza seus semelhantes, não por um estereotipo social, nem como se apresentam. De gente que não julga, nem deixa que outros julguem. Gosto de gente que tem personalidade.

Eu gosto da gente que é capaz de entender que o maior erro do ser humano é tentar arrancar da cabeça aquilo que não sai do coração. A sensibilidade, a coragem, a solidariedade, a bondade, o respeito, a tranqüilidade, os valores, a alegria, a humildade, a fé, a felicidade, o tato, a confiança, a esperança, o agradecimento, a sabedoria, os sonhos, o arrependimento, e o amor para com os demais e consigo próprio são coisas fundamentais para se chamar gente.

Com gente como essa, me comprometo, para o que seja, pelo resto de minha vida... já que, por tê-los junto de mim, me dou por bem retribuído.


Mario Benedetti

No jardim da Rainha


Um sentimento tão meu...

Música de aconchegar a alma, texturas tão delicadamente femininas, lugares magicamente reais!

Vontade imensa de estar aí.

Delicadeza



[para aline nascer, hoje.]